O uso de games em sala de aula é um assunto bastante debatido entre os educadores. É necessário refletir sobre quando usar ou não um game, pois este deve ser considerado um objeto digital de aprendizagem. Portanto, um game é um recurso que apóia a prática pedagógica dentro e fora da sala de aula.
Os games podem ser utilizados por educadores para facilitar o processo de aprendizagem. Além de trabalhar conteúdos e competências, auxiliam no planejamento de atividades mais criativas. E lembrem-se que atividades mais criativas tendem a despertar mais o interesse dos seus alunos.
Bom, a princípio os professores já conhecem muito bem e aprovam o uso de jogos na Educação. Principalmente os famosos jogos de tabuleiros.
Então, isso já não seria o uso de games em sala de aula?
Sim, seria, mas aqui queremos ressaltar o uso de jogos eletrônicos. E vamos destacar os que foram desenvolvidos especificamente para potencializar o processo de ensino e aprendizagem
Vamos a um exemplo prático:
alunos do curso de games da PUC-Rio estão desenvolvendo um jogo em que o personagem assume o papel de um garoto que encontrou, num laboratório de um professor, um relógio capaz de levá-lo a diversos períodos da história. Neste jogo, Horácio viaja para a época do descobrimento do Brasil e se junta à expedição de Pedro Álvares Cabral. No navio, através de diversas interações com personagens, apresenta-se ao jogador informações de caráter didático, presentes no conteúdo escolar. Entretanto, ao longo de todo o jogo, os desafios são iguais aos que se encontram em qualquer jogo de aventura. Desta forma, os aspectos conteudistas são inseridos no jogo como um pano de fundo (background) e não são destacados como os elementos principais da trama. A aventura, os desafios e a resolução de enigmas é que tratam-se dos elementos-chave capazes de motivar os jogadores a interagirem.
Propositalmente no exemplo acima, grifei algumas palavras para ajudar a diferenciar o uso de jogos tradicionais de tabuleiro de games desenvolvidos especificamente para a aprendizagem de determinado conteúdo.
Ao analisarmos um jogo de tabuleiro, podemos afirmar que em qualquer um deles tem-se uma trama que pode ou não estar atrelada a um objetivo educacional. Os jogos de tabuleiro normalmente desenvolvem algumas habilidades e competências cognitivas, interpessoais e intrapessoais, mas não abordam o caráter didático do conteúdo escolar.
Além do que alguns jogos de tabuleiros tem como objetivo principal a diversão e não aprendizagem.
Ficou mais claro, agora? Querem mais exemplos? Então vamos lá:
Alguns exemplos de games
Simuladores
Simulação da vida real: The SIMs 4 e Outros
Educity é um jogo onde você simula a vida real com muita diversão. É possível ter uma carreira, ganhar dinheiro, construir sua casa, ganhar experiência e pontos de inteligência, abrir seu próprio negócio, ser o prefeito e construir a sua cidade.
No ReciclaKi, os estudantes se transformam em catadores de recicláveis e aprendem sobre a importância de separar e destinar corretamente os diversos materiais.
Conteudistas
Adivinhas, jogo relacionado ao conteúdo de química, contemplando conhecimentos sobre os elementos da tabela periódica.
O ProGame foi criado para apoiar o aprendizado de programação de forma lúdica, dinâmica e interativa e, ao mesmo tempo, motivar os alunos a aprender, combatendo os altos índices de evasão e reprovação nestes conteúdos curriculares.
Bio jogos é um portal de jogos educativos, destinado a professores de biologia que permite o download dos jogos a serem usados em sala de aula.
Ilha de requisitos é um game que tem como objetivo apoiar o ensino de Engenharia de Requisitos em cursos da área da Computação.
Um jogo relacionado a Libras que trabalha a soletração, sinais e figuras e força foi desenvolvido pelo FACED/UFU.
O Departamento de Bioquímica da Universidade de Washington soube aproveitar as técnicas dos games e criou, em 2008, o projeto Fold It. A ideia era mexer nas estruturas de proteínas e descobrir novas combinações por meio de um quebra-cabeça online. O jogo permitiu em duas semanas descobrir a estrutura da enzima responsável pela multiplicação do vírus HIV no organismo. Nada mal para uma brincadeira, não?
Reflexão e discussão
O Diário de Amanhã com chancela da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), é um game que usa situações cotidianas para propor a reflexão, discussão e prática dos princípios apresentados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O jogo UBA Inspirado em filme de animação, incentiva a escolha por alimentos saudáveis que caem do céu.
O Cidade em Jogo é um game educativo desenvolvido pela Fundação BRAVA e pelo Brazil Institute do Woodrow Wilson Center para auxiliar professores na abordagem de temas relacionados à cidadania e educação política em sala de aula, ao mesmo tempo em que estimula o pensamento crítico dos alunos.
Empreendedorismo
“The Founder” foi desenvolvido pelo designer e engenheiro de software Francis Tseng. É um jogo online em que você é o fundador de uma startup nos EUA. No game você precisa superar diversos desafios administrativos, éticos e tecnológicos para continuar lucrando.
O Balanced Scorecard Game, criado por Horacio Arredondo, Juan Achondo, Ricardo Ubeda, Jorge Niño, Alejandro Hernández e Bernardo Pagnoncelli, permite que você crie e defina um mapa estratégico e escolha as melhores iniciativas para levar sua empresa ao sucesso!
O Bate Bola Financeiro é um jogo de perguntas de múltipla escolha, resultado de uma parceria entre a Visa e a FIFA no qual alunos de todas as idades vão aprender os principais conceitos sobre economia, orçamento, metas financeiras, roubo de identidade e uso responsável do crédito.
Portais
Já o portal Noas é um núcleo de computação aplicada, destinado ao desenvolvimento de objetos de aprendizagem significativa, estruturados em simulações computacionais de fenômenos aplicados desde educação infantil até o ensino médio.
E mais…:
Considerações sobre games em sala de aula
Nossa quanta diversidade de games aplicados ao contexto educacional!
Viu! Então, você pode usar os recursos de busca da Internet para encontrar outros.
E ao escolher um game você precisa ser criativo ao planejar suas aulas. Estabeleça prioridades e limites. Esteja sempre aberto para acolher o aluno e sua realidade. Flexibilidade é a palavra de ordem, pois replanejar pode ser necessário.
Por isso leve em conta as características e necessidades de aprendizagem de seus alunos e os objetivos educacionais. Finalmente considere seus objetivos e compromissos pessoais com o ensino. Defina o que vai realmente ensinar, como e quando. Avaliar faz parte do processo, estabeleça o quê avaliar, como e quando.
E se eu não encontrar um jogo aplicado ao conteúdo curricular que desejo trabalhar?
Eu te respondo levando você a um desafio:
…e que tal você mesmo criar um game aplicado ao seu conteúdo curricular!
Uau! Seria demais!
Ferramentas para criar seu próprio game
Então, para isso sugiro o uso da ferramenta Kahoot. Mas, antes de avaliar essa ferramenta, experimente o jogo criado para ensinar equações do 1º grau. Acesse o jogo clicando aqui e use o pin=624852. Bom divertimento!
Existem outras plataformas e ferramentas para desenvolver o seu jogo e estão disponíveis em:
Portanto professor, persistência, dedicação e abertura ao novo. Além de um bom planejamento e postura consciente. Isso são requisitos fundamentais para o sucesso de atividades que envolvam o uso de games em sala de aula.
Comece agora, não espere mais. Crie, ouse, invente, reinvente e poste aqui nos comentários a sua experiência . Vamos entrar nesta onda!
Leandra Mendes do Vale é graduada em “Ciência da Computação”, especialista em “Desenvolvimento JAVA” e em “Educação a Distância” e mestre em “Engenharia Elétrica”. Tem experiência na área de gestão acadêmica e desenvolvimento de software. Atualmente é Diretora de TI na LS Informática, professora e coordenadora da EaD do IMEPAC Araguari.